Quem já viu o ótimo “Conduzindo Miss Daisy” (1989) sabe o que eu quero dizer quando digo que morro de medo de sair da garagem como ela. Se alguém me assistir dando partida e sair com o carro vai ver: eu poderia fazer um remake e ser chamada somente de Miss Laís.

Exageros a parte, ontem foi um dia de vexame. Ainda bem que não perguntaram muito quando voltei mais cedo da aula e segurando o choro. Fazia tempo que não me sentia tão insegura para fazer algo.

Para quem não sabe, eu estou começando agora as aulas prática e ontem foi minha terceira aula. Faço duas por sábado, porque é o único horário que posso. E, desabafando legal, eu fiquei tão apavorada dirigindo que começei a chorar e o instrutor me levou de volta para casa. O coitado até me perguntou se ele tinha feito algo, mas não tinha sido ele.

Eu nunca tinha sentindo fisicamente uma coisa tão abstrata como “ter controle da situação”. É um descontrole tão grande que ao me ver em um veículo guiado por mim, no trânsito, com uma pessoa do lado, crianças na rua… me deu um pânico de responsabilidade que eu tive que fugir.

Passei o sábado inteiro com vergonha, mas o que se há de fazer? Fugir não é mesmo o melhor caminho, mas de onde tirar forças pra enfrentar não a responsabilidade de dirigir – porque, para quem ainda não entendeu, isso é uma metáfora – mas a responsabilidade de tanta coisa. ..

Às vezes, a gente precisa freiar, sem usar embreagem nem nada – que, aliás, odeio – e parar de vez. Desligar o carro, puxar o freio de mão (é essa a ordem?),tirar o cinto de segurança e abandonar tudo. E esperar ter alguém do lado que te mostre o caminho.


Para quem não viu, tem o filme completo no youtube, sem legendas.
A cena que falei no post é a primeira do filme e
acontece logo nos primeiros minutos do video acima.